sábado, 29 de outubro de 2011

Um dia de refúgio

Desconexa das engrenagens orgânicas que se acostumaram a oferecer-me e roubar meu alimento, escorreguei para um refúgio onde acordes podiam percorrer a paisagem sem cercas. Da rede, um copo de café fazia-me companhia durante a espera da concentração que ainda boiava pela represa onde havia deixado o calor horas atrás.
A montanha oeste já havia devorado o Sol e eu me instalei exatamente abaixo dum céu opaco, sobre um chão molhado que acusava os beijos da chuva. Às margens de um espelho líquido, sapos se aproximavam boiando e me fazendo pensar que apreciavam a música nascida no encontro dos meus dedos com as cordas de nylon do violão.
Era apenas eu ali de novo, escutando e ouvindo, vendo e aceitando estar doente por enxergar. 

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