terça-feira, 8 de novembro de 2011

Poltrona vazia

Deslizo sobre uma nova intenção enquanto minha caligrafia desliza pelo papel num expresso sem paradas.
Ontem eu fui perdoada de novo. Hoje observo as flores que passam pela janela, brotando sobre esse perdão que vem dia a dia remodelando meu sorriso.
Estou na fileira que se esconde do sol nascente, o que me faz pensar que ocuparia o lugar certo se meu amigo dourado estivesse se pondo no horizonte que acompanha a estrada que percorro sobre as rodas que não são minhas.
Minha também não é a mochila vermelha, o vestido azul tingido pela minha mãe, os papéis no colo ou as sandálias de couro que abraçam a meia branca no pé.
Minha não é a bagunça de fios castanho claros ou a pinta no lado direito do pescoço.
Não é a cor da minha pele. Tampouco dos meus olhos.
Realmente meu é o silêncio sentado na poltrona vazia ao lado, num ônibus interurbano. Meus são os seus sussurros que me lembram que nessa manhã, mais uma vez, eu optei por caminhar sozinha...

Nenhum comentário:

Postar um comentário