Pousei em minha própria janela, bem quando o céu adotou outro azul para exibir sobre os telhados das casas –ou os prédios destelhados.
Meu quarto era cor nova também, vestindo os tons que meus
olhos colhiam no jardim gráfico dela que cultivava seus pensamentos à espera do
pouso de borboletas.
Cada linha é um canteiro com as mais belas e exóticas
flores. E bem ali, na linha do horizonte onde a tarde se rende, vejo-a com seu
regador derramando algumas poesias e uns sorrisos derretidos sobre um papel virtual que é engolido pelos meus olhos.
Passeio pelo seu jardim escolhendo as melhores pinceladas para o
quadro dessa tarde esvaída em mim, alimentando-me dos frutos plantados no ontem, sorrindo noutro espaço-tempo e a imagino a sorrir atrás de sua janela de vidro que guarda algumas lembranças de um passado em comum.
Paro e atiro meu olhar para além da janela, onde encontro-me
com uma nuvem cor-de-rosa viajando ao oposto do poente... Sinto o vento que
entra carregado do aroma de um copo sujo de café que descansa sob meu paladar revestir-me de velhas lembranças.
"O meu pensamento tem a cor do seu vestido".
"Ou um girassol que tem a cor do seu cabelo"
E ela chegará logo mais, reinando em um minguante, para nos lembrar que esteve lá sempre que o cobertor foi negro. Esteve mesmo quando se escondia atrás das nuvens ou fugia do sol, em ressessos sociais. rss...
E nessas noites em que a lua brincava com seu brilho ou nas tardes quando quem reinava era o sol, nós passeamos juntas enquanto eu te lia e você sonhava e quando eu adormeci e você voltou ao jardim para regar suas flores.
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