Mergulhei
num copo de suco de laranja, quando a fruta das mãos de uma pequena incerteza
escorregou, num ato improvisado.
Alguém
bagunçou meu cabelo, dedilhando-o como nylon de
violão.
E
eu permiti ser silêncio àqueles dedos que sincronizavam sua música às batidas
do meu coração.
Fui
partitura em branco, acomodada no parapeito de um conflito, observando a
desarmonia daquela vontade que deixei na cama com um livro... observando o
violeiro e o meu violão.
Então
liquifiz uma ironia sorridente, para bebê-la junto ao veneno que
exprimimos no abandono de uma razão, que talvez nunca tenha chegado a ser mais
que uma intenção de racionalizar ou
uma fantasia de moral tecida pela culpa da amoralidade.
Enfim,
já não havia mais silêncio como qual eu pudesse me vestir, restando à menina
que cedeu aos seus impulsos gemer acordes entre os óculos de grandes lentes e um ventilador;
gemendo chuva pra ser os pingos que regavam uma valsa sem ensaio, do lado de
fora da janela.
Há
muito que me esquecia de sentir prazer ao revisar a lista de descompassos
percorridos por um dia.
Há
muito que não me agradava ver o sorriso da insanidade posando ao meu lado na
coleção de memórias congeladas.
Mas
hoje e, talvez somente hoje, eu beijei esse prazer antes de adormecer...
...e
se tenho alguma tristeza em mim, é por me lembrar que cultivei o seu oposto e fui
feliz.
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