Misturaria na panela leite, chocolate, manteiga, para aquele brigadeiro que eu não gosto de comer, mas que a gente divide com segredos na cozinha...
Pegaria o meu violão, ofereceria a você o seu violão, e tocaríamos horas... horas... e horas... as músicas que você gosta, que eu odeio e mesmo assim sempre te acompanho, pois na sua voz são novas, lindas e únicas músicas. Tocaríamos até que nossos dedos calejassem ou alguma corda arrebentasse.
Depois você iria pra internet, então eu ficaria lembrando de quando éramos crianças e o jardim de rosas da vovó eram as paredes da nossa casinha, nosso labirinto particular de flores e viagens, onde qualquer coisa existia e a existência era a particularidade de qualquer flor.
Lembraria dos sequestros que fazia e te levava pra nadar na represa, você nem falava, mas conversávamos tanto!!
Lembraria das suas mil peguntas de quando se começa a crescer, da sua sede, aquele espaço imensurável dentro de uma menina que queria entender tudo o que seus olhos viam antes de medir o quanto dá pra entender ante a captação de um olhar... Lembraria de seus conflitos, tantos Deuses e física quântica... Lembraria do teu medo, tuas metas e a simplicidade dos teus prazeres... Lembraria sem orgulho das minhas respostas embriagadas na estrada, que nunca te faltaram, preenchendo as lacunas que se abriam em ti a cada minuto, segundo, milésimo, com o que eu tinha de melhor em mim, que mesmo não sendo bom, era o que podia dar...
Lembro sempre do seu sorriso, que ás vezes era triste, pois apesar das tantas cores no quadro vivo, sabia que pintavam uma obra feia e que o pintor estava cansado. Lembro sempre do seu sorriso certo, filtrando tudo o que circundava você, protegendo-a do mundo e, ás vezes, até de mim. :)
Lembro de todas as nossas fugas, e de quando te prometi um quarto na casa que teria quando ficasse adulta...
Aí eu sempre chego na parte em que você foi embora, eu fui embora e nos restou o telefone e o computador.
Menina, já és mulher. Vestida de corpo que o tempo teceu ainda vejo minha Nina-menina.
Ainda me vejo dizendo que se fiquei em terra é por você, sua mulher e sua menina.
E eu vou continuar aqui, irmã, vou estar viva sim, pra te observar crescer e ser melhor do que eu.
Nem espelho, nem guia, nem guarda-costas. Nem exemplo, nem coisa nenhuma. Só espectadora, que chora todas as vezes que a gente se encontra.
Não diga, não diga... não diga nada.
Ainda estamos juntas, sob o mesmo colchão de terra, debaixo do mesmo lençol azul.
E se sou realmente capaz de amar,
eu amo muito você.
À minha Nina.
Nina-menina.
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