Leu e releu todas as entrelinhas no tempo em que fingiu esquecer o celular calado em cima da cômoda
Pois ouviu sinceridade quando ele falou em não querer machucar
Hipotetizou o que pôde no caderno sobre a mesa
Espremeu aquelas frases com limão na lata de cerveja
E bebeu
Porque tinha que se preocupar com a racionalização da dispensa
E com o peso do botijão de gás
Como sempre teve medo de dormir vazia quando a madrugada lhe devolvesse do bar
E então lembrou de um amigo que divagou sobre o conceito de controlar
E percebeu, estranha e confortadoramente, que estava no controle
Pois havia paz em seu coração acelerado
Mesmo que o calendário risse e cuspisse nela
e que a ferida na perna latejasse pela segunda quinzena seguida
Respirou, tomou outro trago
E decidiu mexer os ovos
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