sábado, 16 de fevereiro de 2019

Outra noite nenhuma

Outro silêncio na vibração da caixa de som
Outra insensatez de meus sentidos dúbios
Outra noite de bar
Outro movimento automático de gritar com garçons pra depois acordar e estender os lençóis amarrotados pelos mesmos movimentos parilhados com aquele que escolhi levar pra casa apenas para disfarçar o fim...
Outra vez meus pés formigando
enquanto meus dedos acariciam voluptuosamente a mesa de madeira que nem é minha
mas que me faz companhia depois de dispensar todos de qualquer compromisso

Meu termostato pirou
e consigo sentir calor nas gotas suadas do copo de cerveja
nas minhas palavras perdidas
nas promessas insólitas que me sustentam enquanto estou sóbria 
e enquanto não estou...
nas espera de quem não vai voltar do outro lado do mar ou do véu da morte
E no medo de não saber onde fica o fim..

Em temer e amar a solidão
Em temer a geladeira vazia de cerveja e fubá
Em temer, por simplesmente não saber como é dividir algum medo
Dividir a lavagem da roupa de cama, o fubá e a breja
Ou um final de mês...

Às vezes só queria morar num livro
do velho Buk ou de Jane, ou de Emily Bronte, 
ou apenas ser Pessoa e morrer enfim..

Mas eu ainda não morri

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