domingo, 27 de maio de 2012

Uma desconexão dicotômica

Os vejo rodopiar sobre meu dia quando deveriam sujeitar-se aos meus compromissos,
quando deveria ser eu a escorregar sobre os dois,
que desnorteiam meus labirintos,
guardados no bolso do corpo, regendo a labirintite incoerente de quem se permite à neurose de arrumar seus espaços físicos,
desarrumando a mente, gavetas mentais...
Sabedorias maternas à parte, fujo à regra da organização dos pensamentos ao organizar as tantas coisas e coisas que nós homens somos capazes de armazenar temporariamente (possuir?) ...
Fujo às regras mãe, mamãe, me perdoe por isso também (ao menos meu quarto está sempre impecável).

Brindo à lucidez,
à insobriedade...
Brindo minhas decisões sem parâmetros que logo serão substituídas pelo seu oposto,
brindo às emoções e à liberdade do nexo que já havia abandonado o cargo de conduzir nosso mundo,
que perdeu seu sentido existencial ao começar verdadeiramente a existir.
(nexo?)
Brindo aos olhos daquele cara à caráter de seus papeis sociais,
quando ele fala que é um alienado feliz, assiste tv, vomita nas entrelinhas, sente saudades de seu relógio de bolso,
e me atira pelas janelas azuis...
Brindo ao brinde dele que foi juiz no altar da minha paixão pelo surrealismo filosófico,
que me apunhala com os sorrisos de quem não confessou os segredos do conjugue sedento pelo "sim, aceito"...

É... Entornei o copo raso do elixir de minha bílis mental, ácida e tão doce,
quando percebi que nada no mundo faz sentido além dos manuais de filosofia para destruir toda a cultura animal...
Me embriaguei ao ver que os padrões de normalidade obedecem aos interesses do sistema econômico. (humano?)
E escolhi estar narcotizada ao lado dos sãos, porque a sanidade é subjetiva.
Comigo?
Apenas minha mente (as vias de comunicação virtuais mortas),
conectada a um papel que não toco, na tela do computador que decidi me conectar em busca de desconexão.
O sentido das palavras assume significados relativos às tantas ideologias que vem ditando as cores das paisagens captadas pelos sensores atrofiados...
Eu?
Num gozo que permite a comunicação da minha mente nesse monólogo.
Eu?
Cansada de boiar nos meus conflitos particulares,
afogar o super-homem nas minhas lágrimas e vê-lo do portão levando um pouco da angústia que era minha.

Sou menina,
menina do mundo.
Sou a mente querendo ser balão e voar livre do envólucro de carne integrado aos passos de uma sociedade falida com a qual não quero dançar...
Mas qual será meu fim (além de sozinha)?
Seguirei Zaratustra...
Ou chegará o dia em que aceitarei o uniforme e assinarei contrato?
Par ser também uma alienada (só não prometo feliz).


Não dispenso mais sorrisos às manhãs, é verdade.
A luz que escapa entre os dentes se apagou e minha janela está fechada...
Mas mesmo andando no escuro, prometo chego até os vinte e sete anos para lembrar do que me disse.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Há pouco na esquina senti o cheiro de merda.
Meu corpo era inodoro.
Mas a merda da esquina,
era eu.

Sozinha, mesmo fisicamente acompanhada,
eu, sozinha.

Supermercado 24 h

Ás vezes a gente encontra o que deseja nas prateleiras do supermercado
Ás vezes nosso desejo é só o encontro com as prateleiras cheias de coisas
Ás vezes as prateleiras acomodam os desejos que não são nossos e as coisas que cabem no engano de um desejo qualquer
Ás vezes o que queremos é apenas encorporar qualquer desejo
Que descubra o vazio
...e estufe.

Nenhuma prateleira satisfez meu desejo
e fui embora após vender minhas solidão de tantas coisas.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Castelo de sorrisos

Desaguando na calçada
contive os olhos para não molhar a rua...
O portão às minhas costas,
nem se despediu ao ficar para trás...
E aquele banco não me cumprimentou quando sentei, abri o caderno e derramei as lagrimas contidas em forma de tinta...
São os "tantos"
para os quais quero acenar quando conseguir estar longe...
Longe... junto à saudade
No meu castelo de sorrisos,
amando o rei e as janelas que me ofertam o horizonte