Mas a garrafa chorou novamente, molhando
o copo com apenas algumas gotas de seu sofrido néctar. A faca machucou a pele
do mamão recém apanhado, que foi palco para a arte do amadurecer das frutas e repousou ao lado deste que aguardaria um outro desjejum.
O vento me cumprimenta, refrescando o corpo a escrever, enquanto faz os objetos dançarem ao seu ritmo.
Da rede, meu olhar percorre distâncias até o cume de uma das
montanhas que cercam o vale, onde nuvens de chumbo derramam sua sombra.
Ofereceria ao Sol preguiçoso de hoje um gole do elixir
capaz de roubar qualquer timidez na rotina. Mas os tons acinzentados que se espalham pela vista realçam as cores dos caminhos de meus pensamentos, que voltam lentamente do diálogo com Heidegger, no qual se dispuseram a apaixonar-se nessa manhã dominical.