E então ele disse,
que precisamos esperar que o fim chegue, para podermos entender.
É como se despir de emoção e nu, racionar.
Ser razão, sabendo que há neurônios no nosso coração?
Essa madrugada a terra foi platéia de onde quatro olhos sem sono contemplavam a beleza gratuita que embala àqueles que se escondem nos lençóis.
Essa madrugada o vento regeu um espetáculo nas nuvens que transpunham-se umas às outras, fazendo do céu um quadro dinâmico de cor, forma e magia.
E os dois estavam ali, ouvindo o silêncio que confessa as respostas negadas pela emoção ou a razão.
Estavam pois não sabiam em quantas partes pode-se dividir o que não se tem.
Estavam pois percebiam em si várias faces de uma mesma sensação descritível pela mera indiscrição.
Pois o que aquecia seus corpos no frio de uma madrugada sem estrelas era justamente o que não conseguiam segurar nas mãos nem transportar com palavras.
Então reteram nos olhos,
Transmitiram pelas mãos,
Alimentaram nos beijos,
Doaram no suor,
E entenderam ao cessar das dúvidas,
para o ato de fazer amor.