quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Dilúvios Infantis

Nunca sei por onde começo quando eu preciso cuspir
E hoje silenciar os romances melódicos que se propagavam pela casa me pareceu um bom começo
Apaguei as luzes e a liberdade da cachorra se combinou com o meu direito de adorar seu latido
Minha cabeça doía de tanto pensar pelo estômago
E o preço da minha liberdade era enfim continuar decidindo tudo sozinha
e me lembrar  de nunca mais esquecer de fingir que eu não surto
Afinal, eu só quero paz

Eu pensava substancialmente nele e na forma como sonhou comigo, conhecendo apenas minhas letras e o volume que carregava na barriga
Sentia raiva e vontade de deitar junto pra ler toda vez que o dia acabava
Não sabia se cortava aquele mal pela raiz ou pegava um ônibus e o beijava na saída do trabalho
Mas duvidava se aquilo podia ser bom, já que eu não era mais minha tampouco poderia sair por aí me doando
E mesmo assim eu me sentia só e isenta do direito de satisfazer minhas vontades
E achava toda noite que minha cama era muito fria
E que eu já deveria ter me apaixonado pelo frio
pra parar de me entregar a esses dilúvios infantis