segunda-feira, 25 de junho de 2012

Fandangos

Ao sentar na escada e ajeitar a boina, molhei os dedos no cabelo de final de dia. A lua sorriu.
Os solitários são realmente tristes, quando é a depressão que os leva a sentar na escadaria central do supermercado 24 horas para observar os movimentos mundanos desperdiçados por não haver quem sente na escada e os rumine?
O que me dizem dos felizes que gastam sorrisos pelo impulso da suposta boa educação sussurrada por uma moral falida?
Eles estão ocupados com suas felicidades e não sentam em escadas... E não vêem o mundo passar...
As mulheres com seus filhos escolhendo agasalhos na caixa de doação são ignorados, como as crianças roubando Fandangos ou a atendente atenciosa. As larvas na folha do hortelã mal lavado para o chá e o sol que brincou de escorrer em rosas pelas beiradas de um céu que existe à toa também não é coisa de gente feliz notar.
Será que a 'depressão' realmente se alia a solidão e nos isola do mundo?
Ou confundiram os nomes no dicionário que dita a vida e solidão é apenas uma forma de conexão, enquanto estar deprimido nada mais é do que estar sensível à vida.

Ontem alguém me perguntou se eu gosto de ficar sozinha.
Eu gosto.
Quando posso escolher estar.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Outro final.


Um parto. Uma ruptura. Um nunca que não se conhece até a morte do sempre.

O silêncio que fala, que grita!.
A dor física de causa emocional.
Uma última página virada.
Outro final.
...

O nunca mais, que desliza pelas composições léxicas corriqueiras...
E os muitos termos que escorrem de lábios desconexos dos reais significados no ato de falar.
Os tantos e os tantos fazem vomitados pela necessidade do homem de emitir sons, vocalizar.

.O que realmente queremos dizer?

.O que diríamos antes da última chance de tocar ao outro como o dom da comunicação?

Vulgar... Desperdiçada.

Morreríamos sem saber.
Morremos.
E nunca falamos.